quinta-feira, 13 de maio de 2010

Resistir

Não é fácil não pertencer às maiorias. Não sou do Benfica (nem do Porto, nem do Sporting - tenho simpatia pelo Belenenses que este ano até desceu de divisão...). Não sou católico (nem sequer tenho fé). Não voto nem tenho a mínima simpatia pelos grandes partidos do bloco central, PS e PSD. Não sou patriota (talvez um bocadinho quando joga a selecção), etc, etc, etc. Garanto que remar contra a corrente é duro.

"Cadáveres adiados" de Ernest Mandel

É a história do romance policial vista de um ponto de vista marxista - e, do ponto de vista histórico, o correcto.
"(...) escreve Graham Green: «Por vezes pergunto a mim próprio como é que aqueles que não são capazes de escrever, de compor ou de pintar, conseguem escapar ao absurdo, à tristeza e ao terror que caracterizam a condição humana.» Compreendo isto perfeitamente, mas também sei que há pessoas aos magotes que não precisam de escrever, pintar ou compor para serem felizes ou, pelo menos, para estarem contentes de vez em quando. E mais: muitas vezes quanto mais se pensa ou mais sensível se é, mais se sofre meste mundo-cão-de-fila. Sei-o por mim próprio.
Georges Simenon declarou: «90% das pessoas são escravos, incluindo os empregados qualificados e mesmo os quadros, escravos que não se apercebem de que são explorados por uma pequena minoria.» (Não se apercebem e pensam que fazem parte da elite). Assino por baixo.

Ian McEwan

Acabei de ler "Solar", o último romance de um dos meus autores contemporâneos preferidos.

Gostei mais de outros anteriores. Neste deve ter-me passado ao lado qualquer coisa. Gostei, mas podia, se calhar, ter gostado mais.
No fundo (ou não) trata-se da história de um cientista brilhante a quem deram um Nobel e que, depois disso, como homem banal que já seria antes, se deixou adormecer - e engordar - à sombra do prémio e que, por vaidade, preguiça, coberdia, desleixo ou simples inércia (ou tudo junto) acaba por meter os pés pelas mãos numa séria de trapalhadas sucessivas que o levam a um ocaso no mínimo deprimente.
Moral da história? Quem quiser que a tire, porque a mim agora não me apetece.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vergílio Ferreira


Se há um escritor português consagrado a que sempre resisti é o V. F.. Há muitos anos já, tentei ler o romanve "Aparição" e larguei-o logo nas primeiras páginas - não me dizia nada, era um frete. Há dias, peguei nele e levei-o até ao fim. Não sem me forçar um bocado. Bom, não volto a pegar num romance do V. F.. E o curioso é que li, também há muitos anos, um livro de contos dele e gostei muito; lembro-me até de um deles, delicioso, sobre uma galinha de louça.
"(...) Mas é um sítio ideal para ele - disse a Ana. Está isolado, pode meditar em sossego sobre o «espantoso milagre de estar vivo e o incrível absurdo da morte». Mas tu não riste, Ana. E perguntáste-lhe a ele o que tinha ele a dar aos homens. Chico foi claro como um murro. - Pão e orgulho. - Orgulho de quê? - Deles mesmos. Para não consentirem que lhes ponham a pata em cima."
Cá por mim, estou com o Chico e cansam-me de morte (de aborrecimento) as meditações profundas e solipsistas do protagonista do romance - que é o autor.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bailado primaveril no campo

Vale tudo neste mundo de merda...

...para quem é feito de(ssa mesma) merda.
"Há técnicas (de assédio). Posso contar o caso de um estágio de formação em que cada um dos 15 participantes, quadros superiores, recebeu um gatinho. O estágio durou uma semana. Como é óbvio, as pessoas afeiçoaram-se ao gato. E, no fim, o director deu a ordem a todos de matar o gato". im jornal "Público"
Ah, parece que um dos 15 não matou o seu gato.