domingo, 10 de outubro de 2010

Saramago, "O ano da morte de Ricardo Reis"

1 - "(...) Só uma vaga pena inconsequente pára um momento à porta da minha alma e após fitar-me um pouco passa, a sorrir de nada (...)". pg 139.
2 - " (...) e ter o seu momento de felicidade, qual seja, tão-só o de sentir-se como uma ilha deserta que uma ave sobrevoou, de passagem apenas; trazida e levada pelo inconstante vento (...)". pg.169.
3 - "(...) Um homem recebe uma carta de prego ao largar do porto, abre-a no meio do oceano, só água e céu, e a tábua onde assenta os pés, e o que alguém escreveu na carta é que daí para diante não haverá mais portos aonde possa recolher-se, nem terras desconhecidas a encontrar, nem outro destino que o do Holandês Voador, não mais que navegar, içar e arrear as velas, dar à bomba, remendar e pontear, raspar a ferrugem, esperar. (...)". pg. 296.
1 - Quando um amor se vai...ou o deixamos ir...por entre os dedos...e nos resignamos.
2 - Quando a graça de um novo fascínio nos envolve...nem que seja por um tempo curto...e que até sabemos que vai ser curto, efémero.
3 - Às vezes, nesta minha idade de quase 6 décadas, sinto-me assim, raspando a ferrugem do barco, esperando (às vezes nem sequer já esperando nada).

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