quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O poder, o ego, a atracção pelo abismo

Há dias, ao ver um filme sobre o Che, associei aquela parte da vida dele em que ele, na Bolivia, acaba encurralado e assassinado, aos últimos tempos da vida do Jim Morrison. Há ali uma pulsão de mais e mais, de ir mais longe custe o que custar, de atingir o absoluto - que acaba com a morte. Nem um nem outro tinham própriamente necessidade de pisar assim o risco - ambos podiam ser mais úteis à humanidade, como lideres, se não tivessem desafiado tão irreflectidamente (levianamente?) o "destino" (para não lhe chamar "o mais elementar bom-senso", coisa que, para eles, seria pouco menos que desprezível). O Che, sem o querer acusar de aventureirimo (a memória dele merece ser preservada - e quem sou eu?!...), meteu-se num buraco, cheio de boas intenções, mas com o mínimo de probabilidades de levar a bom porto os seus objectivos: alargar a revolução ao mundo, a começar pela Bolívia. Digamos que o Che explodiu na Bolivia - é ver a cara dele por aí em t-shirts, fotos, cartazes - um ícone.
O Jim M., por seu lado, terá querido levar a sua revolução particular a Paris, fora da América natal, e aquele tipo muito particular de "revolução", muito pessoal e se calhar pouco transmissível, quando aprofundada, leva (muitas vezes; cfr. os casos do Jimmi Hendrix, da Janis Joplin, etc) o ego à implosão.

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